últimos a dormir

Quatro horas da manhã
Os casacos nas poltronas
Os narizes agressivos em travesseiros de algodão

Quatro horas da manhã
Adicionando café no açúcar
E montando um vídeo de palavras no nada

Quatro horas da manhã
Pra que as paredes guardem esse segredo
E o segredo guarde as vítimas dele

Quatro horas da manhã
Pensando em sair de casa
Pensando em sair da rua
Pensando em voltar no tempo
Pensando em parar de pensar nos horários

Quatro horas da manhã
Ensurdecedoras pra quem não gosta de silêncio
Trazem o desejo súbito de se dar
Tiram o sonho de quem não deve se encontrar
Pra quem tem pressa de parar o tempo esperar

São quatro horas da manhã
Empurro com meus pés
Tentando impedir que o hoje me encoste
Mas o sol sempre me alcança
Com suas quatro patas